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8 de fevereiro de 2011

O mito antioxidante

Apesar de tantas pesquisas ligando certos alimentos ricos nessas substâncias à prevenção de doenças e do envelhecimento precoce , não há provas 

Antioxidantes não curam nem retardam o envelhecimento. A afirmação pode parecer óbvia, mas desmente dezenas de pesquisas que relacionam frutas, vegetais ou suplementos de vitaminas com a prevenção do câncer e de doenças degenerativas. 
Antioxidantes são substâncias que ajudam no equilíbrio do organismo. São produzidas pelo próprio corpo ou podem ser encontradas em alguns alimentos.

A função dos antioxidantes é neutralizar a ação de radicais livres -moléculas capazes de oxidar e mudar a estrutura de outras partículas. A oxidação é ligada ao aparecimento de algumas doenças e ao envelhecimento.
Acontece que, apesar de ser comprovado que a falta de antioxidantes faz mal, não há provas de que uma dieta rica em determinadas substâncias diminui o risco de alguns problemas de saúde.

"Sabemos que uma dieta rica em antioxidantes faz com que o organismo fique equilibrado, mas não podemos dizer que esse equilíbrio ajuda a prevenir um câncer", diz Wilmar Jorge Accursio, presidente da Sobrae (Sociedade Brasileira para Estudo do Envelhecimento).

Além de não comprovarem a relação direta entre antioxidantes e prevenção de doenças, as pesquisas publicadas até agora não especificam quais seriam as quantidades ideais desses nutrientes para que pudessem agir como remédio.

"Fica difícil pensar em uma dieta ideal ou, pior, em suplementação. É tudo chute, ninguém sabe quanto de vitamina E faz bem, por exemplo", afirma Ana Lúcia dos Anjos Ferreira, médica e pesquisadora da Unesp (Universidade Estadual Paulista/Botucatu), especializada em estresse oxidativo.

Se o corpo está em equilíbrio, o excesso de antioxidantes pode trazer o efeito contrário. Está comprovado que a ingestão de vitaminas além das quantidades indicadas pode aumentar o risco de determinadas doenças.
"Há uma grande pesquisa que estudou a suplementação com vitamina E e encontrou uma forte relação com o aumento no risco de infarto. O consumo dessa vitamina não pode passar de 400 mg por dia. E muitos médicos receitam mais do que isso."

Segundo Elis Cristina Eleuthério, pesquisadora do departamento de bioquímica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, já se sabe também que a suplementação excessiva de zinco pode inibir a absorção de outros nutrientes essenciais.

"O excesso de vitamina C tem um efeito pró-oxidante, em vez de antioxidante. Isso acontece porque, ao aumentarmos determinados mecanismos de defesa, podemos sobrecarregar outros."
Segundo Ferreira, mais de 200 mg por dia de vitamina C já trazem efeitos negativos.

ESTRESSE

"Se tivéssemos zero de radicais livres, morreríamos", diz Accursio, da Sobrae, que é endocrinologista e nutrólogo. Para ele, é essencial que o corpo tenha o que ele chama de estresse mínimo, quer dizer, o resultado da produção natural de radicais livres.

Para Ferreira, os radicais livres foram considerados os vilões injustamente.
"Eles são essenciais para a defesa celular, para a respiração celular e têm efeitos benéficos na estrutura dos vasos sanguíneos."  Quando há alguma inflamação, o número de radicais livres aumenta, mas, logo em seguida, o organismo já cuida de os neutralizar.

Esse equilíbrio, segundo o médico nutrólogo Celso Cukier, do Hospital São Luiz, é possível só com uma dieta balanceada -sem suplementação de vitaminas. "Suplementos são para repor deficiências, devem ser usados em casos específicos", diz. 
"A melhor receita antirradicais ainda é manter o peso e comer de tudo."

Fonte.: Folha Online

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