Olhar  uma barra de progresso avançando lentamente não é um dos momentos mais  emocionantes ao mexer em um computador, mas já inclui uma ilusão de  percepção. Um estudo de Chris Harrison, Zhiquan Yeo e Scott Hudson,  da Universidade de Carnegie Mellon, mostra que barras de progresso  animadas, que hoje são onipresentes em sistemas operacionais, aparentam  ser até 11% mais rápidas do que realmente são.
No vídeo acima, cortesia da New Scientist,  todas as barras com animações variadas avançam com a mesma velocidade,  mas é possível perceber que algumas parecem andar mais rápido que  outras. Posteriormente vemos como uma barra em que a variação de cor se  torna mais rápida à medida que a barra se aproxima do final parece  acelerar – quando a velocidade é, em verdade constante. Finalmente,  vemos como uma animação com “ondas” movendo-se na mesma direção do  progresso da barra parece fazê-la andar mais devagar. Ondas no sentido  contrário, ao invés, aceleram a percepção de avanço.
Tudo  ilusão, e uma baseada em estudos anteriores que já haviam mostrados como  estímulos rítmicos – como ondas piscando – podem alterar a percepção de  tempo, e também como nossa percepção de movimento depende do contexto. O  primeiro efeito explicaria a ilusão de movimento acelerado com piscadas  gradualmente acelerando, o segundo responderia pela aceleração aparente  à medida em que as ondas viajam no sentido contrário parecem destacar o  movimento da barra de progresso.
Fãs de produtos Apple ficarão animados com o fato de que barras de progresso com animações similares alcançaram os computadores da empresa de Steve Jobs já há mais de uma década, mas usuários Windows  vêm apreciando barras de progresso mais animadas em versões recentes do  sistema. Tais melhorias visuais não parecem ter levado em conta tais  efeitos de percepção: as animações foram originalmente inseridas  provavelmente como um simples indicador de que o sistema não travou e  então também como atrativos visuais.

Curiosamente, talvez por isso mesmo nenhum desses sistemas aplica as ilusões da forma mais efetiva indicada agora pelo trabalho de Harrison. A direção em que as “ondas” de movimento na barra viajam deveria ser invertida, e as mudanças pulsantes de cor poderiam, ao invés de ser constantes, acelerar à medida em que a tarefa chegasse perto do fim.
São apenas ilusões de progresso: a velocidade das barras continuará exatamente a mesma, mas este é um caso em que o usuário poderá gostar de ser enganado, vendo o tempo passar mais rápido.
Só torçamos para que operadores de telemarketing não passem a explorar também ilusões auditivas. [via Gizmodo BR]
- - -
Harrison, C., Yeo, Z., and Hudson, S. E. 2010. Faster Progress Bars: Manipulating Perceived Duration with Visual Augmentations. In Proceedings of the 28th Annual SIGCHI Conference on Human Factors in Computing Systems (Atlanta, Georgia, April 10 - 15, 2010). CHI '10. ACM, New York, NY. (22% acceptance rate, Best Paper Nomination)
Nenhum comentário:
Postar um comentário