Estrutura permitia que ele, em vez de comer grama como os cavalos atuais, devorasse ramos de arbustos
Causas da extinção de grandes animais como o "Hippidion principale", há mais de 10 mil anos, ainda não estão claras
Ilustração mostra a espécie se alimentando em arbusto, com pequena tromba saindo da sua face; ao contrário dos cavalos atuais, sua alimentação não era só de gramaCausas da extinção de grandes animais como o "Hippidion principale", há mais de 10 mil anos, ainda não estão claras
O termo preferido pelos biólogos, um tanto hermético, é "probóscide vestibular". Em português mais castiço: uma tromba modesta. O que, em se tratando de um cavalo, é bastante esquisito. Esquisito, mas real, indica a análise de uma bióloga da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro). A explicação para traços misteriosos do crânio do Hippidion principale, que viveu no Brasil na Era do Gelo, é ele ter tido uma "trombinha". "Nos sítios paleontológicos, muitas vezes o Hippidion aparece com o Equus neogeus, semelhante ao cavalo atual", diz Camila Bernardes. "Se animais com parentesco muito próximo habitam o mesmo local, é porque há diferenças entre eles que minimizam a competição." A maior pista veio do osso nasal do crânio do bicho, que é projetado para a frente. "Pelo crânio, parece um unicórnio", brinca a bióloga.
O lugar onde se encaixam o osso nasal e o osso maxilar do bicho é recuado perto do que se vê nos cavalos de hoje, e a região é cheia de depressões, as chamadas fossas. É possível saber, analisando calombos e depressões na estrutura óssea, como eram os músculos de um animal.
O lugar onde se encaixam o osso nasal e o osso maxilar do bicho é recuado perto do que se vê nos cavalos de hoje, e a região é cheia de depressões, as chamadas fossas. É possível saber, analisando calombos e depressões na estrutura óssea, como eram os músculos de um animal.
Assim, Bernardes concluiu que os músculos responsáveis por erguer o lábio superior do Hippidion eram bem mais potentes, e capazes de repuxar o beiço do bicho por uma extensão maior, do que os dos equinos atuais.
A tromba possivelmente ajudava o animal a ser especialista em agarrar e devorar ramos de pequenos arbustos com o superlábio. Assim, ele não competia tanto com o Equus, um comedor de grama, como os cavalos atuais.
O bicho tinha patas relativamente curtas. Era parrudo, quase um pônei, e habitava savanas bastante secas. Seus fósseis foram encontrados em sítios do Piauí à Bahia, no Nordeste, e em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, além de Peru, Bolívia e Argentina. A distribuição do Equus neogeus é similar. Todos os cavalos sul-americanos estavam extintos quando a Era do Gelo terminou, há 10 mil anos -os cavalos atuais foram "importados" há poucos séculos. As causas do sumiço são controversas. Para uns, grandes herbívoros foram caçados até a extinção pelos primeiros humanos que chegaram às Américas. Para outros, a culpa foi das mudanças climáticas, que teriam gerado perda de habitat.
Créditos: FolhaOnline
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