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19 de maio de 2010

Efeito McGurk e a Importância da imagem na Interpretação do som

Antes de assistir ao vídeo abaixo, clique em play e ouça apenas o som, sem olhar para a tela. Depois assista a tudo de novo, olhando para a imagem.


Muitas pessoas se surpreendem ao escutar a palavra "babá" quando apenas ouvem o áudio, pois depois entendem "dadá" ao experimentar o áudio junto com o vídeo. (Algumas pessoas ouvem "gagá".) O truque é bastante simples. Consiste apenas em misturar o áudio do homem pronunciando B enquanto a imagem mostra seus lábios pronunciando D ou G.

Tão incrível quanto a simplicidade dessa ilusão auditiva, porém, é sua força. Não sei se acontece com todas as pessoas, mas eu posso repetir a brincadeira quantas vezes quiser que continuo ouvindo a letra D se o som estiver conjugado com a imagem. Mesmo estando consciente do truque, caio nele.

Esse tipo de ilusão é conhecido desde 1976, quando o psicólogo Harry McGurk o descreveu em um estudo na revista "Nature". Só agora, porém, cientistas começam a elucidar as bases neuronais do fenômeno.

Um experimento do neurocientista português António Damásio mostrou que imagens influenciam o sistema nervoso auditivo de modo muito particular. O pesquisador conseguiu mapear o cérebro de voluntários que assistiam a vídeos de músicos, animais e objetos produzindo sons. Essas imagens eram capazes de ativar um conjunto de neurônios tidos como exclusivamente auditivos, mesmo se o vídeo estivesse sem o áudio.

Segundo o neurocientista Kaspar Meyer, coautor de Damásio na nova pesquisa, essa é finalmente uma explicação para o incrível efeito McGurk, pois os neurônios responsáveis pelo fenômeno ficam em uma região do córtex que está diretamente ligada ao circuito nervoso que desemboca no ouvido. A ilusão, portanto, é processada no sistema nervoso em nível subconsciente.

Efeito McGurk à parte, a importância da imagem para a interpretação do som já é há muito tempo conhecida do pop, gênero musical cujo principal veículo de mídia é o videoclipe. Usar filmagens para acentuar o aspecto emotivo de uma canção é certamente uma coisa bacana, mas há quem acredite que os videoclipes acabaram desvirtuando esse propósito.

"Talvez a nova autoproclamada rainha do pop, Lady Gaga, se chame Lady "Baba" ou "Dada" e muita gente não esteja ouvindo direito."



Fonte.: http://laboratorio.folha.blog.uol.com.br/

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